Inseminoid (1981)

Um grupo de cientistas a anos-luz de distância da Terra, confinados em um espaço bastante limitado, ameaçados por uma criatura com força sobre-humana e sede de sangue. Reconhece essa premissa? Alien – O 8º Passageiro, clássico dirigido por Ridley Scott em 1979, certo? Errado! Essa é a trama de Inseminoid, ou Horror Planet, chupada diretamente do filme de Scott e filmada na Inglaterra dois anos depois, em 1981. Meu fascínio por porcarias classe B me levou a baixar esse lixo. Acreditei que seria algo, no mínimo, divertido, um programão trash da melhor qualidade, porém acabei caindo do cavalo. Inseminoid é tão ruim, tão ruim, que nem mesmo consegui achar graça no sem-número de situações idiotas e diálogos imbecis que recheiam os 93 minutos do longa.

Dirigido por um tal de Norman J. Warren (que, felizmente, rodou seu último filme há mais de 20 anos e nu
nca mais deu as caras) e escrito pela dupla Nick e Gloria Maley (esse foi seu primeiro e último roteiro, por motivos óbvios), Inseminoid tem início em um planeta distante que mais parece uma bola-de-meia azul. A narração em off da “oficial de documentação” (?) Kate Carson (Stephanie Beacham) explica que a equipe de exploração encontrou um complexo de tumbas. Os arqueólogos Ricky (David Baxt, o pai de Bruce Wayne em Batman, de Tim Burton) e Dean (Dominic Jephcott) estão, nesse momento, em busca de informações que possam esclarecer o desaparecimento da civilização que habitou o local. Kate também informa que, apesar de o planeta ter dois sóis, a temperatura na superfície é de 89 graus negativos, o que nos leva ao primeiro rombo inexplicável no roteiro. Primeiramente, a informação é inútil, uma vez que o frio não exerce nenhum papel importante na trama, com exceção de uma cena, que descreverei mais adiante. Em segundo lugar, não há qualquer sinal de um sistema de calefação na base, onde as mulheres dormem seminuas. E, finalmente, a fotografia exibe cores quentíssimas dignas de Marte d'O Vingador do Futuro e o chão apresenta rachaduras que fariam inveja ao nosso cerrado. Vá entender...

Bem, melhor ir com calma, já que ainda nem chegamos aos 5 minutos de filme. Ricky para a fim de examinar umas pedrinhas no meio do caminho enquanto Dean se afasta e encontra inscrições na parede que servem apenas como desculpa para a galera descer até ali mais tarde e levar pau do alienígena. Há também uma coisa esquisita e brilhante que meus olhos não tiveram tempo de identificar, pois ela explode de repente (seria uma bomba? Seria o E.T. um terrorista?). Corta para dentro da base e Ricky está sendo carregado pe
los companheiros de equipe, Mark (Robin Clarke) e Gail (Rosalind Lloyd). Vale ressaltar que todo o seu traje está limpo, há apenas um pouco de sujeira sobre seu capacete. Em sua mão, alguns cristais que ele examinava no momento da explosão, que são prontamente depositados em um recipiente com... suco de uva? Ricky os apertou com tanta força que as pedrinhas rasgaram sua luva e cortaram sua pele.

O tempo passa, Dean é resgatado, inconsciente, e morre em seguida, embora sua morte não seja mostrada ou mencionada. Ricky, sabe-se lá por quê, fica maluco e ataca o pessoal. Nesse corre-corre, acontece uma das cenas mais ridículas do longa, citada acima: Gail é derrubada por Ricky do lado de fora da base a acaba com o pé direito preso em uma vala. Na confusão, o sistema de aquecimento da sua roupa para de funcionar. Então, pelo rádio, seu amigo Gary (Steven Grives) a orienta para que conserte o termostato, conectando os fios azul e amarelo. Agora, tente imaginar um termostato preso a seu pulso como um relógio. Você dificilmente conseguiria conectar dois fios usando apenas uma das mãos, certo? A medida mais lógica seria tirar o termostato do pulso para consertá-lo, certo? Acontece que Gail escolhe a alternativa mais complicada. Quando percebeu que seria incapaz de resolver o problema, pensei: ‘Ah, agora ela vai usar a cabeça e tirar essa merda do pulso!’. Claro que não. Ela prefere sacar uma mini-serra elétrica de algum lugar que sequer pretendo imaginar e cortar o próprio pé, numa cena risível de tão mal feita. E adivinhem? A coitada acaba morrendo congelada! Enfim, após Ricky ser morto por Kate, a encheção de lingüiça dá lugar à trama principal.

Em 25 minutos de filme, já temos três cadáveres: Dean, devido à explosão, Ricky, morto por Kate e Gail, morta de frio (ou burrice?)! Restaram nove membros da equipe: o herói/eletricista Mark, sua namorada Sandy (Judy Geeson, que participou de seriados como "Mad About You" e "Gilmore Girls"), a comandante Holly (Jennifer Ashley), Kate, Gary, o médico Karl (Barrie Houghton), Barbra (Victoria Tennant), Mitch (Trevor Thomas) e Sharon (Heather Wright, que recebeu um prêmio, em 1975, na categoria de Atriz Revelação e nunca mais fez algo de destaque). Aqueles cuja ocupação não foi citada simplesmente não possui qualquer ocupação ou, pelo menos, nenhuma ocupação específica. Aliás, não sei por que listei o nome desse pessoal todo, visto que isso não faz a menor diferença; todos estão ali para morrer e nada mais.

Outra expedição é organizada para analisar as inscrições inúteis encontradas por Dean (lembram delas?). Sandy e Mitch retornam à caverna e, nesse momento, ocorre o ataque alienígena mais broxante a que já tive o desprazer de assistir. Minha descrição não fará juz a tamanha tosqueira, mas... um otário vestido com uma ridícula roupa de borracha atravessa a tela e baixa o cacete nos dois arqueólogos/cientistas. Por motivos evidentes, o diretor Warren jamais enquadra o monstro borrachudo por inteiro e o editor Peter Boyle até tenta, em vão, desorientar o espectador com cortes rápidos. O resultado é desastroso e, no fim, eu já estava meneando a cabeça e murmurando um humilde 'puta que pariu' diante da tela. Mitch tem um braço arrancado e morre. Depois, o E.T. desconecta o tubo de oxigênio de Sandy e ela desmaia. A essa altura, eu já respirava aliviado pelo fim da cena horrorosa, sem saber que vinha coisa muito pior pela frente. Se não quiser ter pesadelos, meu amigo, pare de ler imediatamente!

Em questão de segundos, Sandy surge, peladona, sobre uma mesa em um quarto completamente escuro. Aparentemente, o alienígena a capturou e deu um jeito para que ela respirasse sem o seu equipamento. Então, surge o dr. Karl, sabe-se lá de onde, e lhe aplica uma injeção (talvez uma alucinação de Sandy, mas isso nunca é explicado). A moça fica desorientada e eis que a criatura aparece a fim de realizar o primeiro estupro intergaláctico da História! Não, você não leu errado! O alienígena estupra Sandy com uma pipeta gigante que, supostamente, lhe serve de pênis (!!!) e ejacula algo MUITO estranho dentro dela. Que porra é essa, cara? Esse pessoal realmente acreditava que o absurdo que estavam filmando era bom? Na cena seguinte, Sandy já foi resgatada de alguma maneira e, agora, carrega consigo o filhinho do papai alien (ou filhinhos, como descobrimos posteriormente, quando os gêmeos (!!!) nascem).

O restante de Inseminoid não apresenta nada de novo. A caverna é soterrada e o alienígena sai de cena. Sandy, depois do surpreendente estupro com direito a pinto de vidro, enlouquece, assim como Ricky, e começa a matar a galera. Ah, ela também desenvolve um estranho apetite por carne humana (mulher grávida tem cada desejo...) e passa a comer, literalmente, pedaços dos corpos de seus companheiros. O que não entra na minha cabeça é que, depois que Sandy ataca Barbra, restam seis pessoas perfeitamente saudáveis para capturá-la e os idiotas dividem-se em grupos para ir atrás dela ao invés de tamparem na porrada juntos. Desnecessário dizer que todo mundo leva pau da loirinha em cenas de dar dó de tão ridículas. É tanta burrice on-screen que dá vontade de atravessar a tela no melhor estilo Zoando na TV para acabar com aquela palhaçada de uma vez.

O elenco não convence em momento algum. Robin Clarke é até simpático, mas um canastrão de primeira linha, e Judy Geeson paga aquele que provavelmente foi o maior mico de sua "carreira": as caras e bocas que ela faz a fim de demonstrar o lado psicótico de Sandy são ridículas de tão exageradas. Entretanto, Jennifer Ashley é a pior em cena, sempre com cara de bunda e recitando suas falas sem o menor empenho, como se estivesse estudando para uma prova de Geografia em frente ao espelho. Felizmente, a moça não dura muito. O resto não fede nem cheira. Pelo menos, há uma cena de nudez completamente gratuita e muita mulher desfilando de calcinha para o deleite do público masculino. No que diz respeito a beleza, Inseminoid até que está bem servido.

Agora, após esse texto imenso, não sei por que perdi tanto tempo escrevendo sobre essa porcaria. Inseminoid é podre, ponto final. Recheado de diálogos péssimos e alguns tão óbvios que insultam a inteligência do espectador ('Há algo sobre esses cristais que ainda não descobrimos' - duh! jura? -, e continuam sem descobrir até o fim do filme), cenas toscas/chatas/nonsense e um final poético em que Mark se vê obrigado a matar a namorada, esse lixo sequer serve como um simples passatempo. Quer dizer, não serve para nada, somente para um idiota qualquer sentar diante de seu computador em um domingo tedioso e postar um artigo em seu blog que ninguém lê. Felizmente, depois dessa sessão de tortura, tive a oportunidade de assistir a Os Caçadores de Atlântida, de Ruggero Deodato, esse, sim, trash divertido e indolor que vale uma conferida.

P.S.: Clique aqui e assista ao primeiro ataque da criatura.


Inseminoid (Inglaterra, 1981)

Duração: 93 minutos

Diretor: Norman J. Warren
; roteiro: Nick Maley; Gloria Maley

Edição: Peter Boyle;
fotografia: John Metcalfe

Música: John Scott

Elenco: Robin Clarke (Mark); Judy Geeson (Sandy); Jennifer Ashley (Holly); Stephanie Beacham (Kate); Steven Grives (Gary); Barrie Houghton (Karl); Rosalind Lloyd (Gail); Victoria Tennant (Barbra); Trevor Thomas (Mitch); Heather Wright (Sharon); David Baxt (Ricky); Dominic Jephcott (Dean); John Segal (Jeff); Kevin O'Shea (Corin); Robert Pugh (Roy); Nick Maley (Bebês Alienígenas - Não Creditado)


1 Manifeste-se!:

Deyvid . 10 de maio de 2009 às 15:14  

Uauuuuu muito bom seu blog!!!

Parabens!!

http://lucideznua.blogspot.com/

Abraço!!

Postar um comentário

Sobre Esta Coisa

Espaço de um estudante de Literatura completamente sem noção e apaixonado por Cinema.

O Desocupado

Minha foto
Órfão desde que sua mãe o abandonou, aos 2 anos, e seu pai, morto em uma tentativa de assalto, Miguel Bittencourt não se deixou abater pelas dificuldades da vida e se tornou um escritor de sucesso. Em uma madrugada, após comemorar o término de seu quarto romance, acabou salvando, de maneira um tanto desajeitada, uma moça que jamais havia visto antes de um possível estupro. Agora, seu corpo está passando por mudanças extraordinárias e os homens responsáveis pelo ataque o estão acompanhando de perto, com uma história absurda sobre uma trégua secular entre criaturas fantásticas e sanguinárias. Aparentemente, sua família há muito esquecida é o centro disso tudo e, agora, Miguel tem nas mãos a chance de uma vingança inusitada. www.leiadanielcoelho.com.br