Slugs (1988)

Acredito que nem mesmo Freud seria capaz de explicar o meu fascínio por filmes imbecis do calibre de Slugs. Aliás, se você é do tipo que sai para alugar um filme e, por falta de opção, acaba escolhendo um sobre lesmas mutantes assassinas, parabéns! Você faz parte de um seleto grupo de debilóides! Agora, se é louco o suficiente como eu para ter este filme em sua coleção, sinto muito, não há salvação para você. Pelo menos, terá o privilégio de se mijar de rir com essa porcaria até sua bexiga pedir arrego.

Como entreguei logo de cara, Slugs é um longa sobre lesmas mutantes assassinas. Pois é, esses pobres seres gosmentos, em 1988, se juntaram ao time de animais sangüinários do Cinema, que também inclui ratos, gatos, cachorros, leões, coelhos, tubarões, aranhas, baratas, borboletas, pássaros, sapos, cobras, crocodilos, abelhas, formigas gigantes e, mais recentemente, ovelhas. No entanto, enquanto boa parte (eu disse boa parte!) dos filmes protagonizados pelos bichinhos acima não se leva a sério, o diretor espanhol Juan Piquer Simón parece acreditar que está realizando uma verdadeira obra-prima do horror, além de achar que o público seria idiota a ponto de pensar que o que ocorre na tela é algo plausível. Tudo bem, existe muita coisa absurda quando se trata de filmes de horror, porém, ou o negócio descamba para a palhaçada assumida, ou o espectador precisa ao menos acreditar que, dentro do universo da história, o roteiro funciona de alguma forma. Em 1963, Alfred Hitchcock conseguiu transformar pássaros em criaturas assassinas de maneira bem realista. Vinte anos depois, Lewis Teague fez o mesmo com um cão São Bernardo. Agora, esperar que eu engula mongolóides pessoas histéricas sendo atacadas por lesmas já é pedir demais!

Para variar, acabei me alongando demais na introdução, mas permita-me fazer mais uma observação antes de começar a analisar essa baboseira. Se você sequer assistiu ao filme e já está achando tudo isso ridículo, saiba que o argumento não saiu da cabeça de Simón. Slugs é baseado em um livro de um tal de Shaun Hutson. Com uma rápida passada no Google, encontrei o site do cara e descobri que o infeliz tem mais de 50 livros publicados sob seu próprio nome e também sob oito pseudônimos diferentes! Não sei se suas outras obras são de qualidade, porém só o fato de ele ter concebido uma história sobre lesmas assassinas já não o torna um dos meus favoritos. Ainda assim, se formos comparar, Simón acaba ficando com o status de retardado mental por ter decidido adaptar o livro para as telas.

Bem, chega de lero-lero. Slugs tem início no meio de um lago, com um casal em um barquinho. Aparentemente, o cara (um bundão chamado Wayne) levou a moça para pescar e preferiu brincar com a vara ao invés de pegar a gatinha. O rapaz permanece com os pés na água e não demora muito para ser puxado para o fundo. Como ele não volta à superfície, a moça passa a achar que aquilo não passa de uma brincadeira de mau gosto (clichê total) e insiste para que ele pare, até que a água começa a borbulhar, ficando vermelha, e ela grita. Entram os créditos de abertura. Aí, você pára e pensa: "será que estou assistindo ao filme certo?". Sim, está. Logo, você descobrirá que as lesmas de Slugs são exímias nadadoras, além de fortes o bastante para puxar um adulto para dentro d'água com a boca (a única explicação que encontrei, afinal, como vocês sabem, lesmas não possuem membros) e mantê-lo submerso. Assim que você se recuperar do seu primeiro ataque de riso, aperte o play e agüente firme!

Após os créditos, conhecemos a próxima vítima das nojentinhas, um sem-teto que procura abrigo em uma casa abandonada. Assim que o coitado morre (a segunda morte ridícula do filme), a polícia é ativada e entra em cena o herói Mike Brady (Michael Garfield, que nunca fez mais nada interessante; hum... por que será?), um inspetor do Departamendo de Saúde que é chamado para ajudar na investigação. O galã dá uma breve conferida no local e constata que o mendigo fora morto por pequenos animais, provavelmente ratos (será que ele assistiu a Ratos - A Noite do Terror, de Bruno Mattei?). O xerife ("interpretado" por John Battaglia, que passa o filme inteiro com a mesma cara de cu), obviamente, acha essa teoria um absurdo, então nosso intrépido funcionário público inicia sua própria investigação com o auxílio do amigo Don Palmer (Philip MacHale), que trabalha nos esgotos, e um cientista inglês (!!!) com um sotaque fake horroroso especialista em lesmas (que conveniente!) chamado John Foley (Santiago Álvarez).

O que ocorre durante o resto do filme é uma sucessão de cenas involuntariamente hilárias, para nenhum fã de tosqueiras botar defeito. Uma das mais nonsense é aquela em que um velho jardineiro coloca sua luva sem perceber que uma lesma se entocara lá dentro. Vamos enumerar os absurdos: 1) ele não sente que a luva está mais pesada do que de costume; 2) ele não nota que há alguma coisa dentro dela; 3) a luva se encaixa em sua mão perfeitamente (!!!); 4) a lesma morde sua mão, mas ele não consegue tirar a luva (!!!!!!), o que me leva a acreditar que esses seres pegajosos possuem mesmo superforça e algumas mãos escondidas sob aquela meleca toda; 5) ele soca a parede, soca a mesa, soca o chão e a lesma não morre (!!!!!!!!!); 6) ao notar que seu esforço para se livrar da luva é inútil, ele decide cortar a própria mão com um machado! Porra! Fico imaginando quanta coisa Simón e sua equipe de roteiristas (é, o filme foi escrito a 6 mãos!) fumaram/cheiraram/injetaram/ingeriram para elaborar uma cena dessas. Aliás, os produtores, os câmeras, enfim, toda a equipe, deviam estar morrendo de fome ou com muito ácido na cabeça para aceitar participar dessa bomba. Ah, há também o clichê do casalzinho que sai para trepar e acaba morto de maneira brutal. Se você não nasceu ontem, sabe muito bem que transar em filmes de horror não é uma idéia das mais brilhantes. Porém, a cena mais imbecil do longa, que merece ser vista e revista, é... bem, prefiro nem descrever. Clique aqui e veja.

Preciso dizer mais?

Se você chegou até aqui, deve estar morrendo de curiosidade para assistir essa bagaceira, certo? Infelizmente, Slugs é um filme difícil de encontrar por aí. Se você costuma usar o eMule ou baixar filmes via torrent, há cópias em boa qualidade circulando na internet. Se não, garimpe velhas locadoras e sebos em busca do VHS. Depois, junte alguns amigos, tome uns goles e morra de rir com esse lixo.

Slugs (Slugs, Muerte Viscosa, EUA/Espanha, 1988)

Duração:
92 minutos

Diretor:
Juan Piquer Simón

Argumento:
Baseado no livro de Shaun Hutson; roteiro: Juan Piquer Simón; José Antonio Escrivá; Ron Gantman

Edição:
Antonio Gimeno; Richard E. Rabjohn;
fotografia: Julio Bragado

Música:
Não creditada

Elenco: Michael Garfield (Mike Brady); Kim Terry (Kim Brady); Philip MacHale (Don Palmer); Alicia Moro (Maureen Watson); Santiago Álvarez (John Foley); Concha Cuetos (Maria Palmer); John Battaglia (Xerife Reese); Emilio Linder (David Watson); Kris Mann (Bobby Talbot); Kari Rose (Donna Moss); Manuel de Blas (Prefeito Eaton); Andy Alsup (Dobbs); Frank Braña (Frank Phillips); Stan Schwartz (Ron Bell); Juan Maján (Harold Morris); Lucia Prado (Jean Morris)

O Rato Humano (Quella villa in fondo al parco, 1988)

Em uma tarde chuvosa, quando eu ainda era uma criança saudável e tranquila, resolvi sair para alugar uma fita. Ao chegar a locadora, deparei-me com um título na prateleira que atraiu minha atenção. A capa dizia: "não recomendável para pessoas impressionáveis". Uau! A fita estava um tanto empoeirada, é verdade, há muito esquecida entre tantas outras que ninguém mais alugava. Nem mesmo o atendente sabia de que o filme tratava. Ora, com todo aquele mistério envolvendo a película, seria, no mínimo, irresponsabilidade minha não levá-la para casa a fim de conferir. E foi o que eu fiz. Enfiei a fita no vídeo-cassete, joguei-me no sofá e comecei a ver O Rato Humano.

O longa era tão tosco, tão tosco, que, mesmo anos depois, detalhes não saíam da minha cabeça. Então, a tecnologia avançou e, graças à internet, consegui encontrar uma cópia com áudio em inglês e legendas em algum idioma asiático (assim, você já pode ter uma idéia de como é difícil encontrar essa porcaria). Assisti ao filme novamente e, após me mijar de rir com essa pérola classe B, parei e pensei que seria uma boa idéia tentar ressucitar o blog com um artigo sobre ele. Não que vá adiantar alguma coisa, uma vez que só umas duas pessoas devem ler as besteiras que escrevo (e olha que estou sendo generoso!), mas, pelo menos, fica a sensação de dever cumprido pela divulgação dessa bomba.

Fale a verdade: você já está se roendo (sem trocadilho!) de curiosidade para saber o que há de tão impressionante em O Rato Humano, né? Obviamente, é difícil esperar algo que preste de um título podre como esse e, como se não bastasse, o diretor Giuliano Carnimeo (escondido sob o pseudônimo Anthony Ascot), de westerns spaghetti como Eu Sou Sartana, conduz o longa como se este fosse um filmaço de horror digno do Cinema italiano da década de 80. Porém, me adianto. Melhor começar pelo começo (duh!).

O Rato Humano tem início na República Dominicana, com a narração em off de um cientista que desenvolveu um híbrido a partir de DNAs de um rato e de um macaco com o objetivo de ganhar o prêmio Nobel. Certo, não me perguntem qual o benefício que uma criatura dessas traria à humanidade, mas o mané achou que seria uma obra de gênio. Entretanto, a experiência de fundo de quintal resultou em um monstro violento e venenoso: um único arranhão seria capaz de exterminar suas vítimas com "leptospirose instantânea" (HAHAHA!). Certa noite, às vésperas de uma conferência em que o idiota apresentaria sua criação ao mundo, o híbrido foge de sua gaiola, espalhando morte na pacata vila de San Martin (sentiu o clima?).

Pausa! Antes de seguir em frente, gostaria de esclarecer um detalhe: o tal monstro violento e venenoso tem apenas 72cm (!!!) de altura e é interpretado por ninguém menos que Nelson de la Rosa, o menor ator do mundo, falecido em 2006 aos 38 anos. Agora, imagine uma criatura magricela de 72cm tocando o terror em uma população inteira. Er...

Continuando! Corta para uma praia, onde o fotógrafo Mark (Werner Pochath) está realizando um ensaio com duas aspirantes a modelo, Marlis (a gostosíssima Eva Grimaldi) e Peggy (Luisa Menon, em seu único filme). Enquanto Mark faz um trabalho de porco (é ver para crer...), um cidadão observa as gostosas de longe, escondido no mato, e se torna a primeira vítima de Nelson do monstro em uma cena ridícula. O ataque ocorre off-screen, tudo o que vemos é o figurante com cara de quem está com dor-de-barriga e um filete de ketchup no pescoço, Nelson o monstro pendurado em suas costas. Enfim, as fotos continuam rolando até Marlis avistar um crânio de plástico vagabundo entre umas pedras. Apesar de assustado, o trio decide não ir à polícia e retorna para o hotel.

Cai a noite e Peggy pede um vestido emprestado a Marlis e sai para um encontro. Tudo parecia bem até o pneu do táxi que a conduzia furar em uma região deserta e absurdamente escura da cidade. Infelizmente, o motorista não possui um estepe, visto que era o terceiro (!!!) pneu furado naquele dia, e a única saída da moça é caminhar até um ponto de ônibus a 100m dali. No meio do caminho, Peggy ouve um som estranho que escapa de uma das residências e decide dar uma espiada, alcançando a janela bem a tempo de ver o corpo ensanguentado de uma coroa ser arrastado pelo piso. Subitamente, um gorducho surge sabe-se lá de onde e começa a persegui-la com uma faca na mão. É interessante ressaltar que, enquanto Peggy corre desesperadamente pela rua, o maníaco a segue em passos de formiga, sem o menor empenho, a la Jason Vorhees. Aliás, para mostrar o quanto o cara é sinistro, Carnimeo dá um close nas mãos do sujeito, que picota o sapato que Peggy deixa para trás. Que medo!

Bem, se você não nasceu ontem, sabe que esse assassino psicótico e sádico, que não poupa nem mesmo um pobre sapato, entra em cena somente para assustar Peggy, de modo que ela faça algo estúpido e caia nas mãos de Nelson do monstro! Do monstro! Agora, coloque-se no lugar da imbecil coitada: você está em um bairro completamente deserto, com quilômetros de rua a sua disposição para fugir. Sendo assim, você simplesmente correria como louco(a) até encontrar ajuda, certo? Errado! Não seja idiota! É muito mais prático invadir uma casa abandonada e se esconder dentro de um armário velho, torcendo para que o homem não descubra seu esconderijo. O plano quase dá certo, não fosse o colar de Peggy arrebentar de repente e as pérolas fazerem o maior barulho ao tocar o chão, chamando a atenção do psicopata. Porém, o cara sequer tem tempo para concretizar seu ataque, já que Peggy mete o pé na cara do rato-humano, escondido sob uma pilha de roupas, e morre violentamente.


Segunda vítima despachada, entram em cena os inúteis heróis, o escritor Fred Williams (o canastrão David Warbeck, que estrelou diversos filmes italianos e trabalhou com Lucio Fulci em The Beyond) e Terry (Janet Agren, de Pavor na Cidade dos Zumbis, também de Fulci, e Os Vivos Serão Devorados), irmã de Marlis (lembram dela?), que voou até a Rapública Dominicana após receber a notícia de sua morte. Os dois, apesar de não se conhecerem, dividem um táxi na saída do aeroporto. Terry conta, impassível, que precisa ir ao necrotério identificar o corpo da irmã e Fred mostra ser um homem extremamente inconveniente, convidando-se para acompanhá-la. Acontece que, como bem sabemos, Marlis não está morta. O cadáver é de sua amiga Peggy e o inspetor que investiga o crime demonstra ser um completo idiota, pois deduziu que a moça seria Marlis devido apenas à cor dos cabelos (tanto Peggy quanto Marlis são loiras) e pelo vestido emprestado que ela usava na ocasião. Sequer lhe passou pela cabeça procurar os documentos da vítima ou, na falta deles, checar as impressões digitais e buscar informações no hotel, afinal, se ele sabia da existência de uma, não tinha como não saber da outra! Não sei quanto a você, mas eu ficaria puto da vida! Terry tem um rápido bate-boca com a polícia, Fred dá um esporro básico no inspetor e os dois vão embora. Em seguida, descobrem que Marlis e sua equipe estão desaparecidos há três dias, desde que seguiram para a selva a fim de fotografar. Após uma breve conversa na piscina do hotel, em que Fred aparece de sunga e... sapatos (!!!), o escritor arrasta Terry para a cena do crime, onde pretende usar sua imaginação para reconstituir o que realmente aconteceu na noite do assassinato.

Durante a reconstituição, Carnimeo brinda o espectador com um susto falso vergonhoso. Você, certamente, já viu um sem-número de vezes situações em que os protagonistas escutam um ruído e, ao investigarem, são surpreendidos por um gato. Esse mesmo artifício é empregado aqui, no entanto, é possível notar que algum contra-regra esteve segurando o animal o tempo todo e, assim que os atores se aproximaram, simplesmente arremessou o bicho na direção deles de qualquer jeito (HAHAHA!). Enfim, Fred também informa que Peggy não morreu devido ao ataque, mas sim de ataque cardíaco (leptospirose instantânea?) e lança o mistério no ar.

Enquanto isso, na selva (leia-se: um parque com trilhas pavimentadas, grades de contenção, etc.), Peggy e sua equipe, formada por Mark e uma mulher chamada Monique, realizam um ensaio fotográfico para lá de esquisito. A razão pela qual o trio ficou afastado da cidade por tanto tempo jamais é explicada, visto que não interessa. Não demora muito para que os três sejam surpreendidos por outro cadáver, fugindo para a vila mais próxima em busca de ajuda. A cidade, porém, está deserta e o espectador, próximo do clímax do filme, em que o impiedoso minimonstro matará geral, começando por Monique, que só dá as caras no longa para virar comida de rato.

Creio que minha descrição até aqui tenha sido o suficiente para você perceber a merda maravilha que é essa película. O responsável pela trama é Dardano Sacchetti (sob seu pseudônimo habitual, David Parker Jr.) que, convenhamos, a despeito de não possuir uma carreira das mais brilhantes, escreveu bons roteiros como os de Demons e A Catedral, ambos de Lamberto Bava. Em O Rato Humano, Sacchetti apela para diálogos imbecis e situações absurdas, além de buscar a todo custo que o espectador engula que Nelson de la Rosa em trapos, garras e dentadura seja uma criatura genuinamente ameaçadora (se fosse um mestre Splinter cheio das manhas do kung fu, quem sabe...). Quando Monique é atacada dentro de um quarto, por exemplo, Mark e Marlis correm para ajudá-la. Marlis pretende entrar com ele, no entanto, o fotógrafo dá esporro: "Esqueça! Aqui fora é muito mais seguro!", esquecendo que os três estão em uma casa abandonada em uma vila deserta. Devo ser mesmo muito burro, uma vez que seria capaz de jurar que deixar a moça sozinha do lado de fora não seria a melhor opção. Em outro momento, Marlis se torna a única sobrevivente do massacre e tenta usar uma caminhonete para fugir, sendo surpreendida pelo rato-humano. Vejam só, ao invés de correr pela estrada, dar um bico na cabeça do monstro, cuspir nele, sei lá, a retardada corre para dentro da casa e se tranca na cozinha!

Ah, e antes que eu me esqueça, para que desenvolver os personagens se, em um rápido diálogo, ficamos sabendo que Terry tem 29 anos, mora com o pai em Washington e sua irmã Marlis é a ovelha negra da família? Aliás, a relação entre Fred e Marlis é a coisa mais esquisita que já presenciei: os dois se encontram por acaso e ficam juntos o resto do filme como se fossem grandes amigos. Eu, hein...

Agora, voltemos à direção de Giuliano Carnimeo, comentada no 3º parágrafo desse artigo. Bem... é péssima! Carnimeo tenta imitar na cara-dura alguns planos típicos de Lucio Fulci, como closes nos olhos ou no rosto de vítimas apavoradas, e ainda insere o mesmo superclose ridículo em um único olho (!!!) do monstro umas 387 vezes ao longo do filme a fim de criar suspense, porém o resultado é risível. Os ataques da criatura são constrangedores, resumindo-se a de la Rosa sobre o bobo da vez, sacudindo os braços pequeninos de qualquer maneira. Consigo até imaginar Carnimeo ligando a câmera e pedindo ao ator que imite um rato-humano assassino. A trilha sonora de Stefano Mainetti (do infame Zombi 3) também não ajuda. Além de tocar a todo instante, destrói qualquer clima que o diretor poderia estabelecer, pois simplesmente não encaixa na atmosfera de um filme de horror.

Diante disso, a constatação que fica é que O Rato Humano é aquele filme perfeito para ser visto com os amigos, de preferência com o pote cheio. Ainda há uma cena de nudez totalmente gratuita de Eva Grimaldi, que Giuliano Carnimeo procurar enquadrar de todos os ângulos possíveis. Portanto, providencie a cerveja, junte a galera e divirta-se. Ou morra de medo... HAHAHA!


O Rato Humano (Quella villa in fondo al parco, Itália, 1988)

Duração: 82 minutos

Diretor: Giuliano Carnimeo

Argumento: Dardano Sacchetti; roteiro: Dardano Sacchetti

Edição: Vincenzo Tomassi;
fotografia: Roberto Girometti

Música: Stefano Mainetti

Elenco: David Warbeck (Fred Williams); Janet Agren (Terry); Eva Grimaldi (Marlis); Luisa Menon (Peggy); Werner Pochath (Mark); Nelson de la Rosa (Rato-Humano); Anna Silvia Grullon; Pepito Guerra; Victor Pujols; Franklin Dominguez

Inseminoid (1981)

Um grupo de cientistas a anos-luz de distância da Terra, confinados em um espaço bastante limitado, ameaçados por uma criatura com força sobre-humana e sede de sangue. Reconhece essa premissa? Alien – O 8º Passageiro, clássico dirigido por Ridley Scott em 1979, certo? Errado! Essa é a trama de Inseminoid, ou Horror Planet, chupada diretamente do filme de Scott e filmada na Inglaterra dois anos depois, em 1981. Meu fascínio por porcarias classe B me levou a baixar esse lixo. Acreditei que seria algo, no mínimo, divertido, um programão trash da melhor qualidade, porém acabei caindo do cavalo. Inseminoid é tão ruim, tão ruim, que nem mesmo consegui achar graça no sem-número de situações idiotas e diálogos imbecis que recheiam os 93 minutos do longa.

Dirigido por um tal de Norman J. Warren (que, felizmente, rodou seu último filme há mais de 20 anos e nu
nca mais deu as caras) e escrito pela dupla Nick e Gloria Maley (esse foi seu primeiro e último roteiro, por motivos óbvios), Inseminoid tem início em um planeta distante que mais parece uma bola-de-meia azul. A narração em off da “oficial de documentação” (?) Kate Carson (Stephanie Beacham) explica que a equipe de exploração encontrou um complexo de tumbas. Os arqueólogos Ricky (David Baxt, o pai de Bruce Wayne em Batman, de Tim Burton) e Dean (Dominic Jephcott) estão, nesse momento, em busca de informações que possam esclarecer o desaparecimento da civilização que habitou o local. Kate também informa que, apesar de o planeta ter dois sóis, a temperatura na superfície é de 89 graus negativos, o que nos leva ao primeiro rombo inexplicável no roteiro. Primeiramente, a informação é inútil, uma vez que o frio não exerce nenhum papel importante na trama, com exceção de uma cena, que descreverei mais adiante. Em segundo lugar, não há qualquer sinal de um sistema de calefação na base, onde as mulheres dormem seminuas. E, finalmente, a fotografia exibe cores quentíssimas dignas de Marte d'O Vingador do Futuro e o chão apresenta rachaduras que fariam inveja ao nosso cerrado. Vá entender...

Bem, melhor ir com calma, já que ainda nem chegamos aos 5 minutos de filme. Ricky para a fim de examinar umas pedrinhas no meio do caminho enquanto Dean se afasta e encontra inscrições na parede que servem apenas como desculpa para a galera descer até ali mais tarde e levar pau do alienígena. Há também uma coisa esquisita e brilhante que meus olhos não tiveram tempo de identificar, pois ela explode de repente (seria uma bomba? Seria o E.T. um terrorista?). Corta para dentro da base e Ricky está sendo carregado pe
los companheiros de equipe, Mark (Robin Clarke) e Gail (Rosalind Lloyd). Vale ressaltar que todo o seu traje está limpo, há apenas um pouco de sujeira sobre seu capacete. Em sua mão, alguns cristais que ele examinava no momento da explosão, que são prontamente depositados em um recipiente com... suco de uva? Ricky os apertou com tanta força que as pedrinhas rasgaram sua luva e cortaram sua pele.

O tempo passa, Dean é resgatado, inconsciente, e morre em seguida, embora sua morte não seja mostrada ou mencionada. Ricky, sabe-se lá por quê, fica maluco e ataca o pessoal. Nesse corre-corre, acontece uma das cenas mais ridículas do longa, citada acima: Gail é derrubada por Ricky do lado de fora da base a acaba com o pé direito preso em uma vala. Na confusão, o sistema de aquecimento da sua roupa para de funcionar. Então, pelo rádio, seu amigo Gary (Steven Grives) a orienta para que conserte o termostato, conectando os fios azul e amarelo. Agora, tente imaginar um termostato preso a seu pulso como um relógio. Você dificilmente conseguiria conectar dois fios usando apenas uma das mãos, certo? A medida mais lógica seria tirar o termostato do pulso para consertá-lo, certo? Acontece que Gail escolhe a alternativa mais complicada. Quando percebeu que seria incapaz de resolver o problema, pensei: ‘Ah, agora ela vai usar a cabeça e tirar essa merda do pulso!’. Claro que não. Ela prefere sacar uma mini-serra elétrica de algum lugar que sequer pretendo imaginar e cortar o próprio pé, numa cena risível de tão mal feita. E adivinhem? A coitada acaba morrendo congelada! Enfim, após Ricky ser morto por Kate, a encheção de lingüiça dá lugar à trama principal.

Em 25 minutos de filme, já temos três cadáveres: Dean, devido à explosão, Ricky, morto por Kate e Gail, morta de frio (ou burrice?)! Restaram nove membros da equipe: o herói/eletricista Mark, sua namorada Sandy (Judy Geeson, que participou de seriados como "Mad About You" e "Gilmore Girls"), a comandante Holly (Jennifer Ashley), Kate, Gary, o médico Karl (Barrie Houghton), Barbra (Victoria Tennant), Mitch (Trevor Thomas) e Sharon (Heather Wright, que recebeu um prêmio, em 1975, na categoria de Atriz Revelação e nunca mais fez algo de destaque). Aqueles cuja ocupação não foi citada simplesmente não possui qualquer ocupação ou, pelo menos, nenhuma ocupação específica. Aliás, não sei por que listei o nome desse pessoal todo, visto que isso não faz a menor diferença; todos estão ali para morrer e nada mais.

Outra expedição é organizada para analisar as inscrições inúteis encontradas por Dean (lembram delas?). Sandy e Mitch retornam à caverna e, nesse momento, ocorre o ataque alienígena mais broxante a que já tive o desprazer de assistir. Minha descrição não fará juz a tamanha tosqueira, mas... um otário vestido com uma ridícula roupa de borracha atravessa a tela e baixa o cacete nos dois arqueólogos/cientistas. Por motivos evidentes, o diretor Warren jamais enquadra o monstro borrachudo por inteiro e o editor Peter Boyle até tenta, em vão, desorientar o espectador com cortes rápidos. O resultado é desastroso e, no fim, eu já estava meneando a cabeça e murmurando um humilde 'puta que pariu' diante da tela. Mitch tem um braço arrancado e morre. Depois, o E.T. desconecta o tubo de oxigênio de Sandy e ela desmaia. A essa altura, eu já respirava aliviado pelo fim da cena horrorosa, sem saber que vinha coisa muito pior pela frente. Se não quiser ter pesadelos, meu amigo, pare de ler imediatamente!

Em questão de segundos, Sandy surge, peladona, sobre uma mesa em um quarto completamente escuro. Aparentemente, o alienígena a capturou e deu um jeito para que ela respirasse sem o seu equipamento. Então, surge o dr. Karl, sabe-se lá de onde, e lhe aplica uma injeção (talvez uma alucinação de Sandy, mas isso nunca é explicado). A moça fica desorientada e eis que a criatura aparece a fim de realizar o primeiro estupro intergaláctico da História! Não, você não leu errado! O alienígena estupra Sandy com uma pipeta gigante que, supostamente, lhe serve de pênis (!!!) e ejacula algo MUITO estranho dentro dela. Que porra é essa, cara? Esse pessoal realmente acreditava que o absurdo que estavam filmando era bom? Na cena seguinte, Sandy já foi resgatada de alguma maneira e, agora, carrega consigo o filhinho do papai alien (ou filhinhos, como descobrimos posteriormente, quando os gêmeos (!!!) nascem).

O restante de Inseminoid não apresenta nada de novo. A caverna é soterrada e o alienígena sai de cena. Sandy, depois do surpreendente estupro com direito a pinto de vidro, enlouquece, assim como Ricky, e começa a matar a galera. Ah, ela também desenvolve um estranho apetite por carne humana (mulher grávida tem cada desejo...) e passa a comer, literalmente, pedaços dos corpos de seus companheiros. O que não entra na minha cabeça é que, depois que Sandy ataca Barbra, restam seis pessoas perfeitamente saudáveis para capturá-la e os idiotas dividem-se em grupos para ir atrás dela ao invés de tamparem na porrada juntos. Desnecessário dizer que todo mundo leva pau da loirinha em cenas de dar dó de tão ridículas. É tanta burrice on-screen que dá vontade de atravessar a tela no melhor estilo Zoando na TV para acabar com aquela palhaçada de uma vez.

O elenco não convence em momento algum. Robin Clarke é até simpático, mas um canastrão de primeira linha, e Judy Geeson paga aquele que provavelmente foi o maior mico de sua "carreira": as caras e bocas que ela faz a fim de demonstrar o lado psicótico de Sandy são ridículas de tão exageradas. Entretanto, Jennifer Ashley é a pior em cena, sempre com cara de bunda e recitando suas falas sem o menor empenho, como se estivesse estudando para uma prova de Geografia em frente ao espelho. Felizmente, a moça não dura muito. O resto não fede nem cheira. Pelo menos, há uma cena de nudez completamente gratuita e muita mulher desfilando de calcinha para o deleite do público masculino. No que diz respeito a beleza, Inseminoid até que está bem servido.

Agora, após esse texto imenso, não sei por que perdi tanto tempo escrevendo sobre essa porcaria. Inseminoid é podre, ponto final. Recheado de diálogos péssimos e alguns tão óbvios que insultam a inteligência do espectador ('Há algo sobre esses cristais que ainda não descobrimos' - duh! jura? -, e continuam sem descobrir até o fim do filme), cenas toscas/chatas/nonsense e um final poético em que Mark se vê obrigado a matar a namorada, esse lixo sequer serve como um simples passatempo. Quer dizer, não serve para nada, somente para um idiota qualquer sentar diante de seu computador em um domingo tedioso e postar um artigo em seu blog que ninguém lê. Felizmente, depois dessa sessão de tortura, tive a oportunidade de assistir a Os Caçadores de Atlântida, de Ruggero Deodato, esse, sim, trash divertido e indolor que vale uma conferida.

P.S.: Clique aqui e assista ao primeiro ataque da criatura.


Inseminoid (Inglaterra, 1981)

Duração: 93 minutos

Diretor: Norman J. Warren
; roteiro: Nick Maley; Gloria Maley

Edição: Peter Boyle;
fotografia: John Metcalfe

Música: John Scott

Elenco: Robin Clarke (Mark); Judy Geeson (Sandy); Jennifer Ashley (Holly); Stephanie Beacham (Kate); Steven Grives (Gary); Barrie Houghton (Karl); Rosalind Lloyd (Gail); Victoria Tennant (Barbra); Trevor Thomas (Mitch); Heather Wright (Sharon); David Baxt (Ricky); Dominic Jephcott (Dean); John Segal (Jeff); Kevin O'Shea (Corin); Robert Pugh (Roy); Nick Maley (Bebês Alienígenas - Não Creditado)


Sobre Esta Coisa

Espaço de um estudante de Literatura completamente sem noção e apaixonado por Cinema.

O Desocupado

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Órfão desde que sua mãe o abandonou, aos 2 anos, e seu pai, morto em uma tentativa de assalto, Miguel Bittencourt não se deixou abater pelas dificuldades da vida e se tornou um escritor de sucesso. Em uma madrugada, após comemorar o término de seu quarto romance, acabou salvando, de maneira um tanto desajeitada, uma moça que jamais havia visto antes de um possível estupro. Agora, seu corpo está passando por mudanças extraordinárias e os homens responsáveis pelo ataque o estão acompanhando de perto, com uma história absurda sobre uma trégua secular entre criaturas fantásticas e sanguinárias. Aparentemente, sua família há muito esquecida é o centro disso tudo e, agora, Miguel tem nas mãos a chance de uma vingança inusitada. www.leiadanielcoelho.com.br